O Metaverso foi, sem dúvida, a grande vedete do Big Show da NRF 2022, maior evento de varejo do mundo foi realizado em Nova Iorque no período de 16 a 18 de janeiro, da qual participamos fazendo a coordenação técnica da delegação da Universidade do Varejo.
Diversos palestrantes mencionaram o tema Metaverso, uma que causou bastante impacto foi a apresentação de Cassandra Napoli, estrategista Sênior da WGSN, uma das maiores consultorias de tendência do mundo. O tema “Retailing the Metaverse” encheu o auditório, para assistir a apresentação que teve como objetivo analisar a forma como a tecnologia Metaverso está criando novos canais de receitas e oportunidades para o varejo. Na apresentação Cassandra traçou um cenário que foi desde a evolução de NFTs (NFT é a sigla de Non-Fungible Token, que em português significa token não-fungível, que é um código gerado em computador que tem como objetivo autenticar um arquivo, garantindo sua unicidade), até experiências imersivas de shopping, passando por benéficos de fidelização, oferecidos pelas criptomoedas e venda diretas para avatares.
Para Cassandra, à medida que o Metaverso vai avançando e se tornando mais presente, vai criar oportunidades alternativas para o varejo. Segundo ela, “a meta-economia abrirá novas possibilidades de produtos, capacidade de comércio e canais de distribuição nos próximos anos”.
Muito embora um terço dos americanos nunca tenha ouvido falar na palavra Metaverso, o termo está se popularizando, em grande parte em função do Facebook, que em outubro de 2021, mudou o seu nome para Meta, para demonstrar a sua intenção de evoluir de uma empresa de mídia social para uma empresa do Metaverso. Logo em seguida, em novembro, a Microsoft anunciou seu próprio Metaverso, o Mesh, como parte da sua estratégia de potencializar o local de trabalho virtual.
Grandes marcas estão também se preparando para entrar no mundo Metaverso, dentre elas a Nike que registrou patentes para produtos digitais, como seus iminentes “Criptokicks” ou tênis digitais para serem vendidos como NFTs, está lançando também um Metaverso Studio e está fazendo recrutamento para a “meta-força”, ou seja, força de trabalho do Metaverso.
Na apresentação da Cassandra, ficou evidenciada a ascensão do Metaverso nos últimos 3 anos, oferecendo oportunidades para as marcas no mundo virtual via realidade virtual, realidade aumentada, NFTs, jogos e blockchain. O mercado vem dedicando atenção especial ao tema, especialmente na forma como as marcas estão experimentando os mundos virtuais, como um canal chave de comunicação e engajamento.
Várias tecnologias estão ajudando a potencializar as oportunidades de comunicação e venda para os varejistas no Metaverso, além das já citadas realidade virtual e realidade aumentada e blockchain, estão incluídas também a computação espacial, finanças descentralizadas e criptomoedas, comércio descentralizado, tokens não fungíveis (NFTs), avatares (identidades digitais), bem como organizações ou comunidades não governadas, conhecidas como DAOs – organizações autônomas descentralizadas.
Para o segmento de varejo, a liberdade, a criatividade e acessibilidade oferecidas pelas citadas ferramentas, impulsionam o Metaverso e impulsionarão o engajamento e o crescimento da marca. Segundo Cassandra estima-se que na próxima década as novos tecnologias se desenvolverão para introduzir novos canais de distribuição e receitas, iniciando com lojas virtuais imersivas, marcas descentralizadas, NFTs, como estratégia de fidelidade e o aumento do comércio direto para avatar.
Para a WGSN, siglas como NFT e POAP, vão fazer parte da vida das pessoas. Os NFTs abriram a porta para a entrada para as criptomoedas, com os colecionáveis digitais únicos, os quais representam um ativo único normalmente cunhado em blockchain Ethereum. Segundo Cassandra, no terceiro trimestre de 2021 o volume de negociação de NFT aumentou mais de 700%, totalizando mais de 10 bilhões de dólares, em relação ao trimestre anterior. À medida que aumenta a confiança no blockchain, que alimenta as NFTs e os tokens digitais se integram à cultura dominante, vão surgir novas oportunidades para combater falsificações e vão surgir novos produtos digitais, aumentando a oportunidade de venda.
Com relação ap POAPs, são souvenires digitais que funcionam como crachás, cada vez mais populares entre organizadores de eventos e nas comunidades Web3. Foi projetado inicialmente para que usuários possam marcar eventos da vida cotidiana, os POAps também podem utilizados em um ambiente comercial e já foram usados em concertos virtuais, festivais musicais e outros eventos.
Outra tendência apontada por Cassandra, foram as compras figital. À medida que os consumidores confiam cada vez mais no comércio eletrônico, as lojas físicas estão se tornando cada vez mais um “ponto de experiência”, e as novas tecnologias estão ajudando a mesclar os dois canais.
Com a pandemia o comércio eletrônico foi acelerado em todo o mundo, o que levou a levou a loja virtual a tornar-se uma boa experiência. Mas, mesmo com as mudanças, os consumidores ainda estão divididos com relação as compras. Na China e no Reino Unidos, os consumidores preferem as compras online e nos EUA, 46% ainda preferem fazer com compra em lojas físicas de forma presencial.
Para a Cassandra, à medida que a tecnologia 3D, VR e AR se torna mais acessível, há mais oportunidades para as marcas integrarem tecnologia que torna cada vez mais tênue a linha que separa as experiências virtuais das físicas, não apenas online, mas também na loja. As marcas que tiverem mais sucesso nesta integração vão construir experiência memorável de marca, atendendo perfeitamente às necessidades do consumidor.
Para provar que a loja física tem lugar no Metaverso, Mark Zuckerberg, anunciou que a Meta vai lançar lojas físicas de varejo, para criar uma sensação de curiosidade e proximidade, ocupando um novo espaço como canal de mídia e conteúdo.